Como era previsível, não mudaram as moscas nem a merda...
Pobres de nós...
Estão aí duas eleições, mais dois dias em que nós os artistas do costume vamos acordar cedinho, ou não, passar pelo café ler o jornal à borla degustando um croissant com fiambre e um cafezito e, tal como ovelhas num rebanho dirigimo-nos aos magotes, excitados mas pacíficos aos chamados locais de voto para meter o papelinho com a cruzinha na urna… a urna, não podia ter melhor nome, bendito o bicho que o inventou…
Dou comigo a pensar no Socas, na Nelinha, no Paulinho, no Jerónimo e no outro… a loiça ou lá como é que é. Já para não falar nos Isaltinos, nos Costas e mais a outra catrefada de melros a quem vamos dar casa, comida, roupa lavada e cú tremido durante mais quatro anos.
São sempre os mesmos, ou melhor são os mesmos de sempre, Que raio podemos nós esperar mais, ou melhor, menos desta gente, Que mais-valias podem estas senhoras e estes senhores, como se diz no PS, a acrescentar a isto tudo?
Sei, ao contrário do que aconteceu nas Europeias, que nesses dias darei por mim a caminho das urnas, no meio do rebanho, calmo mas excitado, pacífico mas revoltado por não poder fazer nada, por saber que nos próximos quatro anos nada mudará, apenas ficaremos mais velhos.
Existe em mim uma réstia de esperança, de que um dia apareça por aí um Obama que nos dê algum alento, mesmo que ilusório, mesmo que efémero, só para poder sentir o que sentiram os amaricamos, ir ás urnas meter o papelinho sentido que estou a votar na mudança noutra gente, em gente que valha a pena confiar…
Amanhã Sete de Junho de 2009, vamos todos dar um presente a uma cambada de abrunhos que não mais vão fazer do que passar uns anitos a viajar e a fazer de conta que fazem alguma coisa nessa coisa chamada Europa.
Amanhã Sete de Junho de 2009, devíamos castigar os políticos deste país obrigando-os a ficar cá dentro sem sair, mas em vez disso premiamo-los e, deixamos que fiquem por lá, longe da merda que fizeram por cá.
Amanhã Sete de Junho de 2009, devíamos ter um dia de sol, para que pelo menos pudéssemos ir à praia, em vez disso chove…
Até o tempo os vai ajudar a ir, amanhã Sete de Junho de 2009…
Quanto a mim vou ficar por casa, não hei-de votar, não quero saber, nem sequer me vai pesar a consciencia, não quero ser um dos responsaveis por atribuir prémios a quem não os merece.
Sim, EU POSSO E NÃO VOU
João Aguardela, guardo dele a memória de um festival de musica em Sintra, no largo do palácio da vila. (entrada Grátis)
Não me lembro do ano, muito menos do dia, sei que fomos muitos lá da rua e seria talvez inicio de verão. Fomos de comboio, uma cambada de putos à procura de diversão por pouco dinheiro
Fomos porque a atracção principal eram os Rádio Macau, fomos porque naquele mês estavam na crista da onda, fomos numa altura em que o que era muito bom naquele dia, amanhã era velho e piroso, a música dos anos 80 passou por nós a correr.
Lembro-me de entrarem uns tipos e começarem a tocar não me lembro do quê, a memória está turva, mas lembro-me muito bem do vocalista, entrou todo compostinho, de vaso de barro vermelho na mão com uma flor dentro, cantou, saltou, dançou e deixou a multidão eu êxtase. Acabou em tronco nu, terra por todo o lado e a flor sabe-se lá onde. O vaso esse estava enfiado na cabeça.
Era ele, era o Aguardela, tinha agora 39, ia fazer 40 anos em Fevereiro. Conheço mal o seu trabalho, sei que esteve em Sintra naquela noite, sei que era a voz dos Sitiados, apenas sei que:
“Esta vida de marinheiro está a dar cabo de mim”
Puta de vida
Nunca assisti a um concerto deles numa Grande sala tipo Campo Pequeno, Coliseu ou Atlântico.
Mas assisti a dois GRANDES concertos noutros sítios no pais real, em arraial, ao ar livre no verão… poderiam ter noutro lado qualquer fechado, mas foram ao ar livre e no verão.
No Luso, sim mesmo nos jardins das termas, corria o ano de 1987, no auge do Circo de feras, o palco eram duas carroçarias de tractor com uma cobertura de oleado. Eu e a cambada fizemos 40 Km nas Zundapps, Macais Minarellis e SachsV5, para lá chegar. Lembro-me do Tim magríssimo, do Zé Pedro também, tenho uma vaga ideia do Kalú a fazer “Coiro” lá atrás e não me lembro dos outros, que me desculpem o Cabeleira e o Gui.
Praia de Mira, 1998 outra grande noite. Lembro-me de estar à frente da cabine de som e a certa altura olhar para trás, lá em cima estavam eles, tinham acabado de chegar ao local, estavam alinhados com as respectivas (acho eu, já não os estou a ver com groupys histéricas, mas se calhar estou enganado), agitavam os corpitos, agora muito mais cheiinhos, com o sonoro dos Ornatos Violeta que aqueciam a malta antes deles.
À minha volta, gente da minha idade com filhos pequenos, putos imberbes, pares de namorados e malta já entradota, todos sabiam de cor as musicas todas… todos vibraram.
Ontem fizeram 30 anos de carreira, têm uma legião de fãs impressionante, um legado musical digno das maiores bandas mundiais, Este ano vai ser, seja onde for, em que Grande Sala for, vou ter de assistir a um desses Grandes concertos que de certeza irão ficar na memória.
Parabéns XUTOS
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